Só você sabe o que passou para chegar até aqui
Passei a minha infância toda rodeada de pessoas magras, primas(os), amigas(os), enfim. Quando mais nova nunca notei preconceito, e nunca vi algo de diferente com o meu metabolismo ou comigo mesma, mas com o passar dos anos fui notando algo de diferente. Nunca conseguia perder peso, mesmo fazendo qualquer tipo de dieta, comendo em pouca quantidade, me alimentando de 3 em 3 horas. A partir daí comecei a notar algo de errado comigo. Durante a minha infância e no início da minha adolescência essas coisas não me afetavam, realizava minhas atividades normalmente, saia com os amigos, tinha uma vida ativa em todos os sentidos, porém o que sempre me preocupou foi a minha saúde. Foi quando aos meus 18 para 19 anos resolvi procurar um endocrinologista para tirar algumas duvidas referentes ao que estava acontecendo comigo. Comecei uma dieta, junto com atividades físicas e remédios, somente desse jeito consegui perder uma quantidade razoável de peso, e quando eu excluía o remédio da minha vida, ou eu mantinha o peso ou engordava novamente. Sempre foi muito difícil perder peso para chegar ao meu IMC ideal.
Com o passar dos anos, aos meus 23 anos de idade, depois de ficar muito cansada pelas lutas diárias que eu enfrentava para perder o meu peso e chegar ao IMC ideal para a minha altura, e todas essas lutas fui derrotada, resolvi procurar um método para perder peso rapidamente, a cirurgia bariátrica. Fui em todos os médicos que eu teria que ir, fiz todos os exames necessário e cheguei a dar entrada no meu plano de saúde para realizar a cirurgia porém, ao me consultar com uma nutricionista, vi que eu jamais chegaria ao meu peso ideal, mesmo realizando a cirurgia bariátrica. Ela conversou bastante comigo, tirou meu peso, minha altura e todas as minhas medidas e fez uma conta, resumindo: minha estrutura óssea é muito pesada, e meu percentual de gordura é praticamente inferior ao meu peso ósseo, frase da conclusão da avalização da minha nutricionista para mim: mesmo que você perca todo o seu percentual de gordura, você não chegará ao IMC ideal para a sua altura. Depois dessa conversa eu fiquei muito pensativa em relação a cirurgia, foi quando eu abri mão da bariátrica e optei por continuar do jeito que eu sou, e ir atrás de um sonho que eu sempre tive: ser modelo Plus Size. Não vou ser hipócrita e falar que nunca existiu preconceito ou bullying, sim existiram, e foram inúmeros. Só que eu sempre tive comigo a minha verdadeira essência, o que eu era de verdade, eu sempre olhei para as minhas qualidades, e não para as minhas características. Ao ser chamada de gorda eu simplesmente respondia: - isso eu sou mesmo, me conte uma novidade, alguma coisa que eu ainda não saiba. E jamais deixava que esses comentários maldosos me diminuíssem, doer doía, mais o que me reerguia era o fato de saber o quão maravilhosa eu era e sou por dentro.
Em um certo momento da minha adolescência eu me deixei abater pelos ataques dos conhecidos e dos familiares, pois foi uma época em que eu estava passando por grandes problemas dentro da minha família, foi onde veio a primeira e a única rejeição. Vieram muitos choros, decepções, desesperos, isolamentos, e cheguei a me odiar por ser assim. E hoje eu vejo que todos esses altos e baixos que passei, serviram para me deixar forte como eu sou, onde não aceito menos do que mereço e sei o verdadeiro valor que eu possuo, pois um ser humano lindo, tem que ter beleza tanto por dentro quanto por fora, infelizmente muitas das pessoas ainda não conseguem enxergar isso, e acabam julgando belos livros pelas capas que as vezes não estão lindas como o conteúdo.
E agora vem a pergunta chave: O que eu acho do preconceito e da tortura psicologia que os gordos sofrem? E o que eu tirei de aprendizado com toda essa minha história?
Para a pessoa ser gorda existem inúmeros fatores: metabolismo, problemas de saúde, descuido, etc. Porém eu vejo que ninguém tem o direito de julgar a vida de outra pessoa, julgar o porque dela chegar nesse estado, porque ninguém vive a vida do próximo, ninguém nunca sabe o que se passa na casa do vizinho. Só que todos acham bem mais fácil julgar do que se preocupar em ajudar ou saber realmente se a pessoa está de fato bem. Lembrando sempre que obesidade não é significado que falta de saúde. Conheço muitas pessoas acima do peso que tem a saúde muito melhor do que quem é magro. E o que mais afeta a vida social das pessoas gordas são a tortura psicologia que elas sofrem, tortura realizada por amigos, familiares e toda a sociedade, onde apontam que ser gordo é um absurdo, que é uma afronta para a sociedade. E não são todos os gordos que se aceitam, então imagine um gordo que já sobre por não se aceitar ainda ter que sofrer com a pressão psicologia feita pela sociedade? Isso pode causar até uma depressão, e depressão é algo sério e silencioso.
E o que eu tirei de aprendizado por tudo isso que passei e que eu quero que todos vocês que leiam aprendam, sejam gordos ou não: você é uma pessoa maravilhosa, não aceite menos do que você mereça e nunca esqueça o seu valor. Se você não está satisfeito com o seu corpo, com a sua vida, ou o seu trabalho, se esforce o procure uma mudança, nada cai do céu, tudo vem através de esforços e merecimento. E se você se aceita como és, se ame, grite isso aos quatro cantos, diga para você mesmo, o quão maravilhoso você é, e não deixe que ninguém faça com que você pense ao contrário. Todos nós temos o direito de sermos felizes e ninguém tem o poder de tirar isso de você.
